CHILE - OS ESTUDANTES REIVINDICAM ENSINO GRATUITO E ABALAM O MODELO NEOLIBERAL
Vinte anos de governo da Concertación despolitizaram a juventude a ponto de a maior parte dela não se dar ao trabalho de tirar título de eleitor. E pouco mais de um ano de um governo de direita bastou para produzir a maior mobilização desde Salvador Allende.
A escalada de passeatas e ocupações de escolas e universidades começou em maio, articulou-se com manifestações indígenas, ecológicas e trabalhistas e reúne concentrações de até 1 milhão. Põe em questão não só o sistema educacional ditado por Pinochet, que acabou com o ensino gratuito para os universitários e a maioria dos secundaristas, como todo o modelo chileno e reivindica uma nova Constituição.
Nos dias 24 e 25 de agosto, a CUT chilena promoveu uma paralisação nacional, a quinta desde 1990, para apoiar os estudantes e reivindicar mudanças nas leis trabalhistas e reforma tributária. A adesão foi pequena no setor privado, no qual a lei facilita a substituição de grevistas e dificulta a formação de sindicatos , mas chegou a 80% no setor público.
A aprovação popular ao governo de Sebastián Piñera caiu, em pesquisa divulgada em 4 de agosto, para 26%, pior índice desde a redemocratização. Já os estudantes têm 77% de aprovação e sua líder mais conhecida, Camila Vallejo, 68%. Odiada pela direita, recebeu proteção policial depois de ter seu endereço e telefone divulgados e ser ameaçada de morte. Tuitou uma funcionária da Cultura, já demitida: "Se mata a la perra y se acaba la leva".
*Revista Carta capital
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