segunda-feira, 6 de junho de 2011

MEIO AMBIENTE - PRESERVAÇÃO E RENDA

O MANEJO SUSTENTÁVEL SALVA A CAATINGA E DÁ NOVAS OPÇÕES AOS ASSENTAMENTOS RURAIS

    O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) implantou em 32 assentamentos do semiárido de Pernambuco e da Paraíba um programa piloto de manejo florestal. Os assentados estabeleceram no manejo da lenha da Caatinga a origem do dinheiro de que precisam, todo ano, para pagar a terra que adquiriram pelo crédito fundiário. "É menos de mil reais por família e, pelo combinado, esse dinheiro virá da madeira", afirma Maria Alexandrina da Silva, presidente do Assentamento das Mulheres Agricultoras em Barra Nova. Com o projeto, suas perspectivas mudaram. A mata deixou de ser um entrave para a agricultura. A facilidade com que ela cresce, com seus galhos finos  e resistentes, não é mais vista como uma praga. A venda de lenha, no sistema, saiu do mercado negro e ganhou documentação e preço legal.

    Falar em corte  de floresta,venda de lenha e comércio para a produção de carvão pode parecer crime em andamento em um bioma no qual o desmatamento atinge 45% dos seus 850 mil quilômetros quadrados. O manejo florestal em 6 mil hectares sob os cuidados de 801 famílias de pequenos agricultores pode ser, porém, o começo de uma vida nova. A ideia deve reduzir a pressão sobre o bioma cercado por indústrias, comércio e famílias que têm na lenha sua matriz energética. O carvão e a lenha são fonte de energia que atende a 30% a 40% da região, de acordo com o diretor de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Campello.
    A atividade é feita com orientação de engenheiros florestais de instituições que trabalham no semiárido  e são contratadas pelo SFB. O projeto leva em conta as características do bioma, analisa qual melhor tipo de corte com a finalidade de fazer a vegetação crescer no menor tempo . São preservadas as árvores protegidas pela lei (como a baraúna e a aroeira), as frutíferas ( o umbuzeiro principalmente), as utilizadas para a alimentação do gado (como a quixabeira e a faveleira) ou as integradas à cultura popular (com destaque para o juazeiro) . As agências de meio ambiente estaduais aprovam o projeto de manejo florestal, emitem o documento de origem florestal (DOF)  para a comercialização da madeira e fazem a fiscalização antes e depois da queda (...)
    "Quando tivermos mais experiência, levaremos o programa para os outros estados da região e , depois, poderemos começar a pensar em outros biomas , como o Cerrado e a Mata Atlântica", diz Daniel Carvalho, do Ministério do Desenvolvimanto Agrário.

*Por Celso Calheiros , de Serra Talhada (PE)
Revista Carta Capital

   

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