"Eu não uso metrô e não usaria. Isso vai acabar com a tradição do bairro. Você já viu o tipo de gente que fica ao redor das estações do metrô? Drogados, mendigos, uma gente diferenciada".
A declaração da psicóloga Guiomar Ferreira, moradora do Higienópolis, contra a instalação de uma estação do metrô no bairro de classe média paulista, provocou um protesto pacífico e bem humorado convocado pelos usuários do Facebook: o "churrascão da gente diferenciada". Com espetinhos, quatro churrasqueiras, farofa, queijo coalho , batucada, isopores e palavras de ordem, o evento começou dia 14 de maio à tarde, em frente ao Shopping Pátio Higienópolis , e seguiu noite adentro pela Avenida Angélica. Os manifestantes esbanjaram ironias contra o preconceito por meio de músicas, faixas e gritos de "guerra". No final da tarde, instalaram, de um poste a outro no meio da avenida, um varal cheio de roupas. A resposta da "gente diferenciada", além de engraçada, parece ter surtido efeito, Dois dias depois, o governo anunciou: haverá estação em Higienópolis.
O Metrô (vinculado à Secretaria dos Transportes Metropolitanos de São Paulo) havia desistido de instalar uma estação de uma linha para ligar a Rua da Consolação ao bairro da Freguesia do Ó, na Zona Norte. A desistência teria sido "estimulada" pelo movimento de um grupo de moradores e comerciantes do bairro, de classe média alta.
*Revista do Brasil
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