quinta-feira, 26 de maio de 2011

O CERRADO EM RISCO

    Aos 88 anos, o bispo emérito de Goiás, dom Tomás Balduíno, viaja pelo mundo a convite de organizações para palestras sobre latifúndio, monocultura e água. Cofundador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da qual foi presidente, ele defende uma sociedade mais equilibrada, sem tamanha sede de consumo e conforto a todo custo.

    Conhecedor dos grandes biomas brasileiros, dom Tomás tem se preocupado com a devastação do cerrado: "Escolhido para o avanço da monocultura, o cerrado foi tomado primeiro pela soja e está sendo dominado pela cana para o etanol e o eucalipto para a celulose, entre outras culturas. Isso preocupa muito porque, embora seja de grande inportância para o equilíbrio ecológico do país e da América Latina, é um  bioma desvalorizado pelo capital, tratado como área de exploração. Suas plantas funcionam como reservatórios de água do nosso país. Se o cerrado for arrasado pela monocultura, haverá desequilíbrio".

    "A razão do  interesse no cerrado é porque ele é plano, com vegetação frágil, tortuosa, pequena, não dificulta o trabalho das máquinas. O que não acontece na floresta, onde é mais complicado desmatar em pouco tempo para fazer campos de monocultura até perder de vista. O desmatamento do cerrado prejudica o sistema freático. A rama, a copa das plantas, tem o corespondente em raiz - que funciona como uma esponja uma caixa d'água , alimentando o freático e a planta durante a estiagem. Se arrancá-la, o circuito da água deixa de ser vertical, em direção ao freático,  e torna-se horizontal , causando erosão, assoreamento de córregos e rios.
    Há várias alternativas à destruição da vegetação nativa que vão em direção oposta à chamada revolução verde ( o plantio  de eucaliptos em grandes extensões) que foi pensada para substituir aquilo que existia antes, onde entra o trator que corrige a terra, aduba, põe calcário, semente, tudo de forma mecânica, pesada. Esse modelo destrói o meio ambiente , acaba com as nascentes  , leva à seca . Na bacia do São Francisco, onde há plantação de eucalipto, ficaram secas 1.500 pequenas vertentes que fluíam para o São Francisco".

*Cida de Oliveira - Revista do Brasil
   

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